Eu sorri.
- Você não vai me perder. Eu também tenho uma história - eu disse - Eu também tenho muito a contar - eu disse - Você me contou a sua história, e não é justo que eu não conte a minha - ele me olhou confuso - Minha vida também nunca foi tão fácil quanto aparentemente parece ser...
Eu continuei depois de um longo suspiro
- Quando eu era pequena, tinha uns 8 anos - ele ficou meio nervoso, por que sabia o que ela iria contar - Eu não era uma criança feliz, nem um pouco. Na escola, eu sofria bullying, muito. E eu nunca entendi o por quê que aquelas pessoas eram tão malvadas comigo. Eles até tinham uma parede, que ali escreviam coisas muito maldosas sobre mim. "Demi é gorda" "Demi é feia" "Demi não vale nada". Eu chorava todos os dias depois da escola em uma praça, mas - ela sorriu fraco - um dia, um garotinho, devia ser um pouco mais velho que eu, uns 3 anos ou 4 eu acho. Se sentou do meu lado, eu fiquei meio apreensiva, afinal, não o conhecia. Ele era muito bonitinho, e começou a falar comigo. E então eu comecei a falar do que estava passando para ele, ele me abraçou, e me disse "Você é linda, e isso nada nem ninguém pode mudar". Depois de mais um tempo falando com ele, minha mãe me chamou e eu tive que voltar para casa. Mas quando cheguei em casa, eu descobri que tinha perdido o meu cordão, esse cordão foram os meus avós que me deram de aniversário de dois anos. Eu nunca o havia deixado, eu chorei muito naquele dia por tê-lo perdido. Mas, no dia seguinte, eu fui para a praça, chorando de novo e nunca mais encontrei com o garotinho, ele havia prometido que viria me encontrar todos os dias. Mas nunca mais veio. Isso me magoou muito, eu procurei por ele pelo bairro, mas nunca mais o vi ou tive notícias suas. Essa etapa da minha vida foi muito dolorosa, por que, em um dia de conversa, eu tinha me apaixonado por aquele menino, ele era muito doce e gentil. E quando eu cheguei em casa, percebi que tinha perdido o meu cordão. Era um cordão muito importante para mim, foi o que o meu vô deixou para mim. Tinha "Blessed" escrito, querendo dizer que eu era abençoada por ele. - eu já chorava - Meu avô foi uma pessoa maravilhosa, uma completa inspiração. Nós íamos nos domingos almoçar na casa da minha vó sempre, dois anos antes do meu avô morrer, minha vó teve um AVC, e o meu avô morreu de câncer, mas graças a Deus não sofreu muito. Mas eu o amava tanto, ou melhor, ainda amo. Para mim, a estrela mais brilhante do céu é ele. - Joe sorriu de leve com isso - Eu queria tanto o meu cordão de volta, é de extrema importância para mim. É a única coisa que me restou dele, e ele foi muito importante na minha vida.
Joe POV's
Quando ela começou a falar essas coisas, eu levei uma facada à cada palavra que ela dizia. Ela suplicava pelo cordão de volta, enquanto eu o tinha guardando e eu ainda estava mentindo para ela. Eu sou apaixonado por essa garota à seis anos. Eu mudei muito, meu cabelo, tudo. Estou completamente diferente do que eu era, já ela está igualzinha, linda. Exatamente o mesmo sorriso.
- Continuando - ela disse limpando as lágrimas - Com 11 anos, eu comecei a me cortar - eu arregalei os olhos e ela sorriu triste - É, eu me odiava. E com 15, eu parei e pensei no garotinho que um dia me disse que eu era linda e não podia deixar os outros manipularem a minha cabeça, e decidi pedir ajuda. Fui para uma clínica de reabilitação, na qual eu descobri que tinha bulimia, anorexia, auto-mutilação e distúrbios alimentares. - ok, isso me chocou - Acho que agora você gosta menos de mim - ela disse e eu sorri e acariciei a sua bochecha -
- Claro que não, você teve seus problemas, e motivos. - ela sorriu fraco e continuou -
- E eu venho procurando pelo garotinho que salvou a minha vida. Mas, eu desenvolvi um ódio por ele ao mesmo tempo, por que, afinal ele me mentiu, e me abandonou. Mas ao mesmo tempo eu gostava tanto dele, ele salvou a minha vida. - ela disse e eu senti uma dor tão grande dentro de mim por estar mentindo para ela. - ela limpou o restante de lágrimas -
- Então, afinal das contas, - eu disse - Todos temos as nossas desavenças com a vida - ela sorriu - Mas, falando de nós... - eu entrei em um outro assunto -
Ela me abraçou, sem mais nem menos. Ótimo, mais culpa vinha para mim.
- Por que eu sinto que conheço você à muito tempo? - ela disse enquanto eu alisava suas costas no abraço -
- Não sei, mas eu também sinto isso - eu disse, claro né seu idiota, É POR QUE VOCÊ A CONHECE À 6 ANOS E NÃO QUER CONTAR COM MEDO DE QUE ELA FIQUE COM VOCÊ SÓ POR SER O MENININHO QUE ELA SE APAIXONOU NA INFÂNCIA - Demi... - ela se afastou um pouco para me olhar -
- O quê? - perguntou doce -
- Eu quero que você saiba, que - eu disse - eu infelizmente não vou mudar. - ela me olhou curiosa - Eu vou continuar sendo o Joe grosseiro, esse sou eu. Eu posso ser assim, diferente com você, mas, eu posso mudar de uma hora para o outra - ele disse - E eu peço que você tenha paciência comigo.
- Tudo bem - ela sorriu -
Eu sorri e dei um selinho nela
CONTINUA!! <3
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